Mangue de Pedras: repouso das tartarugas é lugar de reflexão

Um passeio baratinho em Búzios.

Basta um pouco de disposição para caminhar cerca de um quilômetro na areia fofa e amarelada da Praia da Gorda, na Rasa, para desfrutar de um dos cenários mais fantásticos que a natureza confeccionou: o Mangue de Pedras.

Um local excelente para refletir e esquecer o mundo lá fora. Enquanto as tartarugas brincam fazendo bolinhas de ar nas águas esverdeadas e, ao mesmo tempo, com tons de marrom e azul, é fácil perceber o quanto Deus foi paciente na hora de colocar aquelas árvores dentro do mar e fixa-las de forma tão perfeita e maravilhosa.

Há algum tempo, pescadores se beneficiavam da pesca artesanal nesta região. Mas a comercialização incentivou pescadores de lagostas a atacarem, predatoriamente, com suas redes assassinas, uma infinita vida marinha.

As tartarugas ainda resistem, mas as lagostas já não são mais encontradas no viveiro natural do Mangue de Pedras.

Uma ‘Pedra Preta’ no meio do caminho

Localizada entre a Praia da Gorda e o Mangue de Pedras, a “Pedra Preta” reina como abrigo de crustáceos e armazém de alimentos para a vida marinha. Local escolhido também pelos jovens da década de 70, para pescaria e lazer.

Sem muitos recursos para se chegar às cidades mais próximas, uma boa pescaria na “Pedra Preta” garantia uma mesa farta no almoço e no jantar. Peixes como, roncadores, canguá, bagre e até cação, variavam o cardápio das poucas famílias que moravam na Rasa.

A garotada, enquanto esperava os pescadores que se arriscavam remando até a “Buraca” – nome dado ao pesqueiro – para trazer a tão bem comercializada “Pescada”, aguardava o momento de ajudar a descarregar os barcos. Meninos e meninas auxiliavam na limpeza dos peixes e levavam para casa um “quinhão”. Esta prática era chamada de “Resistência”, pois os pescadores mais antigos acreditavam que a criançada poderia crescer forte e saudável se alimentando com o pirão do “bagre”.

Este costume aos poucos foi dando lugar às novas oportunidades que o mundo moderno começava a oferecer, a partir dos anos 80. Uns foram trabalhar na construção civil; outros no comércio local que despontava para o turismo e outros se dedicaram aos estudos para adquirirem novos conhecimentos e atuar na hotelaria.

Hoje, o cenário ainda conserva os traços da década de 70. Parece intocável, mas apenas alguns pescadores resistem e não abrem mão do prazer de manter a tradição. Todas as manhãs, bem cedo, partem para a “buraca” em busca do sustento da família.