Entre ruínas e, ruínas, os casarões que serviram a oligarquia nos séculos passados vão produzindo um cenário que a história nos remete a reflexões.
No município de Quissamã, no norte do estado do Rio de Janeiro, é fácil encontrar fazendas dos séculos XVII, XVIII e XIX com imponentes palmeiras imperiais que demarcam os caminhos por aonde chegavam os barões, condes e até mesmo D. Pedro II.
As reflexões ficam a critério de cada um que tem a oportunidade de visitar o palco de uma época marcada por sofrimentos na alma, e ardência e sangue escorrendo pela pele. Dona Sebastiana Rodrigues, sessenta anos morando na Fazenda Machadinha, com lágrimas nos olhos, conta o que ouvia do pai dela. Lembra-se dos relatos sobre os seus antepassados agonizando nos troncos ao lado da senzala onde mora. Apesar de livre, nunca sai da comunidade que mantém um ritmo de vida tranquilo e alheio ao mundo moderno.
Difícil imaginar que a força deste povo humilde tenha sido capaz de vencer a opressão e aos mandatários impiedosos. Mas o fato pode ser comprovado. Basta olhar em volta e notar que o bem venceu o mal. A senzala está intacta. Os casarões – aqueles citados por Gilberto Freire como “Casa Grande” – estão em ruínas e só servem para que possamos voltar no tempo e imaginarmos a quanta crueldade nossa gente se submeteu.
A paz, a boa convivência entre eles, e o respeito pelo qual recebem os visitantes, é uma forma carinhosa de dizer ao mundo moderno que ainda há espaço para se praticar o amor. Um jeito simples de dizer que não se paga o mal com a mesma moeda.